“Um
cliente por dia faz bem para qualquer mulher” disse o pai de Nadia, uma
menina de 15 anos de Teófilo Otoni, MG, que descobriu que sua filha era
uma piranha e se deu para muitos amigos. Os pais não gostaram do fato,
mas se conformaram com o que já aconteceu. Só ficavam insatisfeitos
porque os rapazes comiam a mocinha de graça. “Se pelo menos tivessem
pago algo...” resmungavam, pensando na filha de um vizinho, que com 18
anos já sustenta a família com a beleza e os dons de seu corpo. Assim
foi estipulado que a menina pelo menos deveria ganhar algo em troca e
levar o dinheiro para os pais, porque se trata de uma família com 5
crianças, e o pai ganha só pouco mais do que um salário. Falaram que ela
deveria continuar a vida normalmente, ir para escola, igreja, amigos,
praia e mais, só deve dormir com uma pessoa apenas, por dia, que pague
R$ 20, no mínimo. “Um cliente por dia faz bem para qualquer mulher”
disseram para ela. “Você transava quase o tempo todo com uma pessoa por
dia.” A piriguete respondeu: “Mas aí pelo menos podia escolher...”
“Poderia, mas não escolheu. Deixou qualquer um,” o irmão respondão de 14 anos se intrometeu.
“É
verdade”, disse a mãe para consolar a filha. “E nem todos os clientes
são feios. E se você é boa, já, já vai poder escolher também entre os
muitos que te querem.”
Foi tudo falado, os pais satisfeitos, e a
menina se conformou. Ficou até com certo orgulho, porque o pai falou
“Um cliente por dia faz bem para qualquer mulher”, falando em mulher e
não em menina. Se sentiu valorizada, de certa forma.
Nos
primeiros três dias três dos vizinhos, que ouviram da notícia boa,
comeram a menina. Um deles marcou logo para o fim de semana outro
encontro, mas nos dois dias até lá ela ficou sem cliente, porque os
colegas da escola e os amigos, que antes transavam tantas vezes de
graça, não queriam pagar por sexo e preferiam pegar em outras meninas
menos exigentes. Ficavam até chateados que ela não queria mais dar de
graça. Falaram: “Você poderia muito bem dar para os amigos de graça.
Depois você teria ainda tempo para pegar um cliente para você.” Na
outra semana um rapaz falou, que iria arranjar um cliente para ela, se
ela antes transasse com ele. Mas ela não quis negociar e esnobou a
oferta. Na
segunda semana ela conseguiu só dois clientes, e na outra semana só um.
Mas os pais já compraram um novo televisor pensando que a filha ajudaria
para pagar as parcelas, e quando chegou o dia da primeira parcela
faltaram R$ 30. Quando os pais discutiam em casa com a filha sobre a
falta de desempenho e sucesso, o irmão intrometido contou da oferta do
rapaz que foi rejeitada pela moça. O pai ficou chateado, porque quem
sabe ela teria nessas duas semanas pelo menos garantido mais uns dois ou
três clientes. No
outro dia o irmão falou com o rapaz, e este apareceu na noite na casa
da moça para falar com os pais. Mas ele não chegou sozinho e trouxe um
amigo de uns vinte anos. Quando
o pai perguntou se a oferta dele estava ainda em pé, o outro rapaz
disse, que poderiam até ver se não entrassem em um acordo que
forneceriam para cada dia um cliente e dividiriam o que receberiam.
Pensavam em cobrar 30 em vez de vinte, e dariam 10 para a moça ou, se
preferirem, diretamente aos pais. Os pais falaram que a ideia original
deles era para ganhar R$ 20 por dia, porque com o televisor novo e cinco
crianças comendo e precisando de roupa não daria com menos.
O
rapaz disse, que seria muito trabalho para eles, e que teriam um custo
para ligar para homens interessados e mais e não poderiam ficar com
menos do que R$ 20, até porque dividiriam entre si. Mas se os pais
precisassem tanto de R$ 20, poderiam tentar dar dois clientes por dia e
tudo se resolveria. “Será que teria tanta demanda?” a mãe queria saber. “Bom,
pode ser que um dia não dá, mas então a gente tenta no outro dia três
ou quatro. Teria problema ela chegar mais tarde em casa na noite?”
“Se
alguém a acompanha em casa poderia ser. Mas ela deve continuar na
escola. Quanto as tarefas em casa, a Viviane já tem onze anos, está na
hora para ela assumir mais responsabilidade. A Nadia com onze anos já
cuidava de tudo sozinha.”
“Então está fechado. Dois clientes por dia, na média.”
“Vocês
podem garantir dois clientes? Temos medo que vocês agora prometem, e
depois a gente fica na mão. Então seria melhor a gente ficar sem sua
ajuda e receber pelo menos o dinheiro sem dividir com ninguém.” “Bom,
se vocês quiserem, poderíamos até dar uma garantia, mas para isso a
gente precisaria de mais liberdade. Quero dizer, vai ser mais difícil
para nós, mas se ganharmos mais direitos para promover a Nadia, seria
certamente possível.” “Como assim? Quais direitos?”
“Digamos
que a gente paga vinte por dia, e fica a nosso critério como reganhamos
a grana. Se tudo anda bem, ela faz cinco ou mais programas por dia, mas se um dia não anda nada, mesmo assim pagaremos.”
“Mas não queremos que a Nadia seja explorada sem limites.”
“Bom,
vocês têm que saber o que vocês preferem. Se fica com um cliente por
dia, vocês recebem R$ 10 por dia. São 300 por mês, sem fazer nada.” “Como
sem fazer nada. Ela come e dorme aqui em casa sem a gente cobrar. Tem
gente que aluga um quarto a um rapaz ou moça solteiro e cobra 300.”
“Bom, se vocês acham pouco, considerem a nossa oferta.”
“Ela tem que ficar na escola. Podem ser ao máximo cinco programas por dia. E não pode voltar tão tarde em casa.” “Cinco
programas tá bom, mas tem que ser na média. Tem dias de chuvaradas,
onde acontece nada. Quem sabe em outros dias ela consegue mais. Se ela
vai depois da escola diretamente para a gente, teria a tarde toda. E às
duas horas da manhã, ao máximo, estará pronta.”
“Como vai se levantar às seis horas, se volta só às duas. Tem que ser ao máximo até a meia-noite.”
“Deixa
pensar. Ela vai depois da escola para a gente, faz três programas à
tarde, e dois, se muito três, na noite. Acho que dá até a meia noite, se
ela coopera de boa vontade. Ela vai cooperar?” “Ela
vai, com certeza, é menina boa, né, Nadia? – Se tiver algo para
reclamar fala com a gente, vamos dar um duro nela. Não gostaria que
vocês batam muito nela. Prefiro que avisem a gente.”
“Se a gente
poda uma menina deste o início, não precisa bater muito nela. Algumas
tapas, é claro, não faltam, mas uma surra pesada, isso só com menina
desobediente, preguiçosa, rebelde ou se ela furta ou comete outra coisa
mais grave. Não gosto de bater nas meninas, só faço quando é
necessário.” “Mas, se ela faz mesmo muito sucesso, a gente ganha algo a mais, né?” “Olha,
a gente pensava em R$ 20, se ela morasse em sua casa. Agora ficaria com
a gente e o custo cairá por cima de nós. Ela precisa comer. Precisa de
roupa bem curta e bonita para trabalhar. Precisa de camisinhas e outras
coisas de putas. Isso é caro.” “Puxa. Ela come pouco, e imagino que ela nem vai ter um quarto próprio.”
“Claro que não,
ela vai dormir com um de nós, revezando. Tem que aprender dormir com
homem, né. Sem mexer a noite toda e atrapalhar. Sempre bem boazinha.”
“Mas não teria como pelo menos 25 ou 30 por dia?” “Se
ela não fosse pra escola seria fácil. Mas quem sabe a gente consegue
mesmo assim seis ou sete programas por dia. Tem também feriados, dias em
que ela pode fazer mais sucesso. E por cada programa acima da média de
cinco vocês receberão R$ 5. Por exemplo, se ela faz 50 programas por
semana, mas a média exige só 35, vocês receberão quinze vezes R$ 5,
então R$ 75 a mais.”
“Será que funciona? Cinqüenta é muito.”
“Deixem
a menina com a gente, e dêem plenos poderes para educar e promovê-la,
então vai funcionar. Prometemos. Ela é jovem, saudável e forte. A gente
vai
fazê-la trabalhar mesmo, só vai ter permissão de ir para a escola.”
“Trabalhar muito é sempre bom para uma menina. Na minha época as meninas trabalhavam o dia inteiro na roça.”
“Ela tem facebook e whatsup?”
“Você tem, Nadia?”
A menina, que ficou o tempo todo em silêncio, olhando para baixo, falou de sim.
“Ótimo.
Mas nós vamos fazer mais perfis em outros sites, com fotos bem gostosas
de biquíni bem apertadinho. E você vai ganhar um blogue lindo com fotos
bem sensuais. Quem sabe, a gente faz um vídeo e coloca em um dos sites
adultos. Assim você vai ter o sucesso garantido. Homem é que não falta
nessa terra. É só chamar atenção. Vocês capricharam, produzindo essa
menina linda, devem agora colher os frutos.”
“É verdade. Caprichamos mesmo.”
“Então vamos levá-la logo, treinar com ela um pouco nesta noite.”
“Tá
bom. Ouviu, Nádia? Vai logo fazer a sua trouxa. E seja uma menina boa e
não faz a gente passar vergonha por sua causa. Obedece a eles, senão
vou te dar pessoalmente uma surra dessas...”
“Pode deixar, ela
vai obedecer. Surras fortes estragam a pele. Tem coisas bem mais fortes
que fazem meninas obedientes e submissas que você não tem ideia. Elas vão-na fazer obedecer em tudo, mesmo se você mandasse que ela pule da Terceira
Ponte.”
“Beleza. Mas como eu disse, qualquer coisa liga para a gente e passamos lá para falar bem claro com ela.”
“Vocês aceitam uma coisa, enquanto esperá-la?” perguntou a mãe. “Tem ainda jantar.”
“Aceitamos. Ainda nem jantamos. Então, Nádia, aproveite para tomar um banho e veste uma saínha bem curta. E sem calcinha.”
“Por quê?” opus-se a menina.
“Por quê, por quê” ironizou o irmão metido, imitando a voz dela. “Agora reclama mas para festas ela adorava sair sem calcinha.”
“Não importa por
quê,” disse o pai. “Ela vai obedecer. É menina boa. Vai logo, menina, e não esqueça lavar os cabelos.”
“Você é depilada direitinho? Melhor passar um gilete. Tem que ficar sempre bem limpinha e lisa.”
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